O artista visual e designer Frederico Paulino abandonou a agência onde trabalhava para se dedicar à “ciência da gambiarra” e transformar restos de aparelhos eletrônicos em brinquedos e esculturas
O que é gambiologia? A resposta do inventor da chamada “ciência da gambiarra”, o artista visual e designer belo-horizontino Frederico Paulino, é rápida. “Adaptar, improvisar e encontrar soluções simples e criativas para pequenos problemas cotidianos”, diz.
Nas mãos dele, restos de aparelhos eletrônicos são transformados em novos brinquedos ou em esculturas. Isso mesmo. O quebra-galho, o remendo, o jeitinho ou o imbondo – não importa o nome – ganhou requinte, digamos, artístico.
A ideia surgiu em 2008, quando Paulino desenvolveu figurinos com lixo eletrônico e gambiarras para uma campanha publicitária. “Deu tão certo que o Palácio das Artes nos chamou para uma exposição”, conta ele.
Desde então, o designer passou a ser convidado para vários trabalhos relacionados ao tema, da produção de peças decorativas a oficinas para crianças em cidades de Minas Gerais e São Paulo.
No Museu do Brinquedo, em Beagá, Paulino é um dos mestres do Clube do Gambiólogo Mirim, onde os pequenos são estimulados a reaproveitar materiais descartados para criar bonecas, aparelhos de som, carrinhos… “É doido porque a gente usa ferramentas”, entusiasmou-se Davi Rodrigues, de 6 anos, enquanto desenvolvia uma lanterna com um pote de vidro e lâmpadas de LED.
O sucesso fez com que Paulino abandonasse o emprego e se dedicasse exclusivamente à tal gambiologia. “Precisamos aprender não só a operar as coisas, mas também a construí-las e refazê-las”, afirma.